Pedro Lizzard de volta à Matriz...
Em especial para todos os meus amigos, conhecidos, amigos e conhecidos de amigos e conhecidos que, nas últimas horas, e em face deste verdadeiro anno horribilis do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, têm simpática e paternalmente sugerido uma mudança de filiação clubística para um outro clube situado junto a um conhecido centro comercial de Carnide, eu quero esclarecer os meus sentimentos sobre tal assunto.
E faço-o, se me permitem, sob a forma de uma simples parábola, cuja mensagem, apesar de bastante subtil, creio permitirá perceber devidamente tais sentimentos.
Reza assim:
« Leonídio era um adepto do Sporting Clube de Portugal.
Um amor sentido, que o acompanhava desde que se conhecia - e já 'se conhecia' há quase 50 anos.
Um amor, é certo, que não é igual ao que se sente por uma mulher, ou por um filho, ou pelos pais. mas ainda assim um amor forte, digno, e inabalável.
Como deve ser todo o amor.
Leonídio tinha um filho.
Jovem saudável, inteligente, educado, enfim, aquilo que se poderia dizer ser o orgulho de qualquer pai.
Certo dia, o filho de Leonídio chegou junto de si, com um semblante carregado e uma aura pesada, como não era, de todo comum na sua pessoa, por regra jovial. O que desde logo alarmou Leonídio e o fez perceber, claramente, que algo de sério e grave se passava.
E o filho de Leonídio falou-lhe com uma voz tensa que denotava todo o peso que lhe ia na alma e que, claramente, precisava aliviar junto de seu pai.
"Pai…", disse, "por favor, senta-te. Tenho uma coisa para te revelar…"
Leonídio teve naquele momento a confirmação de que algo de grave perturbava o seu filho, e também ele sentiu no peito mesmo peso - mas este de preocupação e aflição -, e sentiu o seu coração ficar pequeno, tão pequeno como um grão de trigo debaixo de uma mó.
E sentou-se, frente a frente com o seu filho.
"Sim, filho, o que se passa?..."
E o filho de Leonídio, com a mesma voz tensa e algo hesitante, falou-lhe assim:
"Pai… eu… eu sou homossexual".
Durante alguns segundos, que pareceram intermináveis, ecoou pela sala um silêncio ensurdecedor, que os engoliu a ambos.
Passados uns instantes, Leonídio, pegou nas mãos do seu filho, com a mesma ternura com que pela primeira vez lhes pegara havia já muitos anos, aproximou-se dele, e, com os olhos traídos por algumas lágrimas rebeldes, abraçou-o fortemente, como da primeira vez que o tomara nos braços como o tesouro mais valioso que a vida lhe dera.
E, olhando nos olhos do seu filho, também eles já marejados, disse-lhe com uma voz toda feita do mais puro amor e alívio que a alma de um pai pode comportar:
"Meu querido filho, isso não importa nada: mais vale paneleiro que lampião". »
Perceberam agora, ou é preciso fazer um desenho?
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